Estava eu muito entusiasmado com a viagem para conhecer a maior cidade da América Latina (São Paulo). Contava os dias para que isso acontecesse. Eu e meus amigos havíamos visto muitos preços de hotéis pela internet, mas queríamos um localizado no centro da cidade para assim podermos ficar perto de tudo. Foi aí que, navegando pela internet, achamos um hotel super barato e com fotos de um luxo cujo preço anunciado não pagava. Não pensamos duas vezes e fizemos a reserva.
Antes de ir para São Paulo, fomos ao Rio e Minas. Passamos por hotéis muito bons, apesar de serem baratos. Hotéis com ar, frigobar, piscina, academia, internet wireless e tudo aquilo de conforto que um bom hotel pode oferecer. Mesmo com tudo isso, comentávamos estar ansiosos em conhecer o hotel de São Paulo, pois ele seria o melhor hotel em que nos hospedaríamos em todas as nossas humildes vidas.
Logo chegamos a São Paulo e fomos procurar o endereço do hotel. No papel dizia: “Hotel América do Sul”. O nome parecia combinar com aquela imensidão de corredores e paredes que vimos nas fotos do hotel na internet.
Então, ao chegar no centro da cidade, pegamos um táxi para chegar ao hotel. Na janela do táxi nada podia ser realmente visto, pois estava rápido demais e era noite. Tudo passava por nós sem que fosse percebido algo de incomum.
Foi aí que o táxi nos deixou na porta de um hotel feio e sujo. Logo pensei que pudesse se tratar de um erro de endereço. Levado por uma curiosidade mórbida, fui perguntar se era o mesmo hotel que havíamos reservado. Foi aí que uma senhora gordinha toda sorridente me deu um “sim” como resposta. Era a dona do hotel.
Minha vasta experiência com hotéis “meia boca” me fez pensar que poderia se tratar daqueles hotéis que só não presta o que está por fora, por dentro é que estaria o conforto. Afinal, não é a esperança a última que morre?
Fomos adentrando o prédio logo após fazermos o “check-in” na portaria. A cada parede nova, uma nova decepção. “Dona Esperança” já mancava.
De repente fomos apresentados ao que seria um projeto de elevador, muito antigo por sinal. Um cubículo de elevador. Nele o aviso que só suportava o peso de três pessoas. Mas como três? Éramos quatro e todos “fofinhos”. Como saber se dois de nós valeríamos por três dos que o tal elevador falava? Como saber se o mais “fofinho” de nós não valeria por essas três pessoas supostamente magrelas e anoréxicas que esse tal elevador carregava? Com certeza a dona do hotel (a gordinha sorridente) só devia usar as escadas. Já estava me preocupando como seria o tamanho do quarto, se realmente nos caberia. “Dona Esperança” adoecera.
Foi aí que chegamos no quarto. Realmente cabiam as quatro pessoas que disseram, só esqueceram de mencionar que eram pessoas com as mesmas medidas das que subiam pelo elevador. A porta do banheiro nos permitia fazer as nossas “necessidades” com direito a platéia de quem estava no quarto e a mesma se “deliciar” com o “frescor” que exalava do recinto. Dona Esperança já estava moribunda.
Mas pensamos que ao menos estávamos no centro da cidade e o hotel nem caro era. Já nos hospedamos em muita espelunca que cobrava os olhos da cara e ao menos dessa vez tínhamos uma boa localização e os olhos no lugar. Mas foi só ir dar uma volta pelo quarteirão para confirmar que estávamos hospedados no centro da cidade mesmo, mas no miolo da “Cracolândia”, lugar onde impera o consumo de crack, cheia de marginais, prostitutas, travestis e garotos de programa.
Ah, e a tal “Dona Esperança”? Morreu de desgosto.
E viva a propaganda via internet.
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